Com a confirmação da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) até 2030, a direita brasileira já começa a se movimentar em torno das eleições presidenciais de 2026. Sem o nome que protagonizou as últimas disputas, o campo conservador se vê diante do desafio de encontrar um novo líder capaz de representar seus ideais e atrair o eleitorado fiel ao bolsonarismo. Diversas lideranças políticas, sobretudo governadores e ex-ministros, surgem como potenciais pré-candidatos, e os bastidores já vivem uma intensa disputa por espaço e protagonismo.
Entre os nomes mais cotados está o do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), que oficializou sua pré-candidatura em abril de 2025, durante evento em Salvador. Com forte presença no Centro-Oeste e longa trajetória política, Caiado tenta se consolidar como uma opção mais tradicional e institucional da direita, buscando o apoio de partidos do Centrão e lideranças regionais. Sua pré-candidatura foi impulsionada por articulações que visam unificar siglas como União Brasil, PP e Republicanos em torno de um único nome.
Outro nome amplamente mencionado é o de Tarcísio de Freitas (Republicanos), atual governador de São Paulo e ex-ministro da Infraestrutura do governo Bolsonaro. Apesar de ainda não ter anunciado oficialmente que pretende concorrer, Tarcísio é visto como o herdeiro natural do ex-presidente, embora tenha adotado um perfil mais técnico e menos ideológico em sua gestão paulista. A resistência de parte do bolsonarismo mais radical à sua postura moderada pode ser um obstáculo, mas sua força eleitoral e o controle do maior colégio eleitoral do país o colocam em posição privilegiada.
Também no radar está Romeu Zema (Novo), governador de Minas Gerais. Com um discurso liberal e foco na eficiência da gestão pública, Zema tem defendido a necessidade de união do campo conservador e já demonstrou disposição para disputar o Palácio do Planalto. Sua atuação em Minas, segundo maior colégio eleitoral do Brasil, pode ser uma importante plataforma para viabilizar sua candidatura. Zema tenta se diferenciar com um perfil mais discreto e pragmático, apostando na rejeição ao PT e na imagem de gestor eficaz.
Outro possível postulante é Ratinho Júnior (PSD), governador do Paraná. Com alta aprovação popular em seu estado e uma gestão alinhada a pautas conservadoras, Ratinho também é considerado um nome de potencial nacional. Ainda que não tenha sinalizado publicamente sua intenção de concorrer, seu nome é ventilado em conversas partidárias como uma alternativa de perfil jovem e de comunicação popular, herdando parte do eleitorado de Bolsonaro.
Já o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), aparece como representante de uma ala mais moderada da direita. Embora enfrente resistências dentro do próprio campo conservador por seu posicionamento mais centrista e liberal, Leite ainda figura entre os possíveis candidatos que poderiam atrair eleitores de centro-direita em busca de uma alternativa à polarização.
Apesar de ter afirmado recentemente que pretende concorrer novamente, Jair Bolsonaro está fora da disputa. O Tribunal Superior Eleitoral o declarou inelegível por abuso de poder político, e ele ainda responde a outros processos judiciais. Seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), chegou a ser cogitado, mas foi vetado por lideranças do Centrão, que buscam um nome com menor rejeição e mais capacidade de aglutinação política.
Diante desse cenário, a direita brasileira vive um momento de reorganização. A escolha do nome que irá representá-la em 2026 deverá considerar não apenas a capacidade de mobilizar o eleitorado conservador, mas também de construir alianças políticas e ampliar sua base de apoio. Enquanto isso, os bastidores continuam fervilhando, e os próximos meses devem ser decisivos para a consolidação de uma candidatura competitiva contra o campo da esquerda.
